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Mostrando postagens de julho, 2018

10 O Dia D

10 O Dia D Com a chegada do dia da cirurgia, eu parecia estourar com tanta ansiedade. Até a véspera, um pouco de febre decorrente de um princípio de infecção urinária resistia discretamente. Outras incertezas não psicológicas também pairavam ainda pelo ar, dando-me mais insegurança quanto a seu desfecho. O que assustou no início e fez engrossar a dúvida quanto à necessidade de se esperar mais foi logo debelada. No aspecto físico, parecia que estava tudo retomando à normalidade, autorizando o procedimento cirúrgico. Com a cabeça cheia, fui sendo esvaziado totalmente à base de laxantes fortes, complementado com uma rigorosa dieta zero. Graças aos sedativos, pude ter uma noite tranqüila, sem pensamento algum.   Antes da sete da manhã daquela terça-feira, fui acordado. Com um breve bom dia, após ministrar meus medicamentos no frasco de soro, a auxiliar de enfermagem desengatou o freio da minha maca e tão logo foi rumando no sentido da saída do Primeiro Estágio, para o centro cir

9 Um Dia Desses

9 Um Dia Desses Aquele cochilo foi muito mais uma dormida funda e curta. Com tanta falação e tanta divagação, acabei saindo do ar por completo. Quando abri os olhos, meu fisioterapeuta e meu pai estavam terminando a movimentação de meus membros. Júnior logo disparou quando me viu de olhos abertos: – “Cláudio, agora faremos a fisioterapia respiratória... para tirar a secreção que se acumula nas vias aéreas.” Daí começou. A cada inflada de ar nos pulmões com o respirador vinha em seguida uma compressão com as mãos do fisioterapeuta de uma parte do peito. Depois, pulava para o outro lado peito, vindo sempre debaixo para cima. E assim se seguiu alternando algumas vezes. Pouco tempo depois, eu já sentia dificuldade em respirar pela quantidade de secreção que ia se acumulando na saída da traqueostomia. E o desconforto só aumentava com a movimentação proporcionada pela fisioterapeuta. Quando o Júnior viu que estava criando dificuldade para o normal funcionamento do aparelho respi

8 A Realidade

8 A Realidade Depois daquele banho, tomei o café da manhã. Parecia feito para um bebê, cheio de papinha. Não consegui sentir fome nem muito menos apetite. Embora sabendo da necessidade de me alimentar, comi por obrigação o mínimo, até porque não senti gosto de nada. Olhava o ambiente e sentia saudade de casa, saudade do que eu lá tinha deixado. Após alimentado, fui novamente medicado... meus olhos nem esperaram muito e pesaram de novo, fazendo-me cair no sono... De longe, escutei: – “Ei, psiu!”. De novo. E de novo. – “Ih, começou”, pensei, mas não sabia o quê. – “Ei, psiu! Cláudio, você bebeu pinga?”, insistiu a voz. – “Acorda, Cláudio. Você parece que anda bebendo!”, falou a voz novamente e agora senti um pegar na ponta de meu nariz. Torci o nariz irritado. Repetiu a fala e continuou a pegar no meu nariz. Abri os olhos assustados. – “Oi, Cláudio!”. Quando fui acomodando minha visão, vi que era um rapaz de uns vinte e poucos anos com óculos grandes iguais a