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Mostrando postagens de setembro, 2019

25 A Mudança

25 A Mudança Aquele ano 1988 finalmente acabara. E com ele, eu queria que tanto sofrimento vivido fosse também. (“Quando eu fui ferido... Vi tudo mudar... Das verdades... Que eu sabia...) Por mais que eu quisesse e fizesse esforço, na verdade, impressos na alma e na mente, eles me marcaram profundamente; e eu, com isso tudo, não tinha como evitar que não me fizessem mudar, embora mudanças para melhor – assim decerto tive que passar a acreditar. Mas, no fundo, eu desejava e tinha toda a esperança de que tudo voltaria a ser como era antes. (Só sobraram restos... Que eu não esqueci... Toda aquela paz... Que eu tinha...”) Apesar das enormes dificuldades nesse período em casa no final do ano que passara, aquilo acabou sendo necessário para dimensionar como seria o retorno em definitivo para casa, uma vez prestes a ocorrer. Conquanto exatamente não soubesse quando, eu tinha que me preparar para aquilo. (“Eu que tinha tudo... Hoje estou mudo... Estou mudado... À meia-noite,

24 Um Estranho no Ninho

24 Um Estranho no Ninho Era inverno em Brasília e estava seco e frio. Era dez e dez da noite do dia vinte e sete de julho de 1971, quando, então, um leonino agitado com ascendente em áries e lua em libra nasce. Era a partir daquele momento que a minha vida, um pequeno grão de areia nesse universo, começava. Minha quadra, a 109 Sul, era todo o meu universo quando da terna infância. Um universo repleto de amor tão perfeito que não se desintegrava, não se decompunha. Um universo harmonioso e íntegro, por assim dizer. Um universo de percepções que ia se alargando conforme eu ia crescendo. Um universo que tinha tudo por perto: a padaria Delícia, onde tinha o pão mais gostoso da cidade na minha percepção; o clube Vizinhança, onde íamos inicialmente e onde aprendi a nadar; o cine Karim, onde assistíamos os filmes infantis à época e, de quebra, fazíamos um lanche no Food’s; os restaurantes Arabeske e o Beirute, onde eventualmente podia se comer esfirras e quibes; a Casa Renato,